Publicado 04/11/2019

A importância do tipo de recheado em impressão 3D

Conselhos

Peça com preenchimento de grade

Todos os utentes de impressoras 3D sabem que as peças impressas em 3D têm duas zonas bem diferenciadas, a carcaça (shell) e o recheado (infill). A correta parametrização destes dois valores influi na resistência mecânica, no acabamento, no tempo de impressão e no custo. A carcaça (shell) são as paredes exteriores da peça nas quais se inclui tanto as capas em contacto com a base de impressão como as capas superiores que atribuem o acabamento superficial final.

Neste artigo vamos centrar-nos na parte interna da peça, o recheado (infill). Os programas de laminação (Cura3D, Simplify3D, etc) permitem-nos eleger a forma e a percentagem de recheado que desejamos. A seguir citamos as possíveis configurações mais importantes.

Percentagem de recheado em impressão 3D

O recheado é a quantidade de material que ocupa a parte interna da peça. Pelo normal os programas de laminação permitem modificar a percentagem de material desde 0% (peça oca) até 100% (peça totalmente maciça). Falando sempre da mesma configuração de altura de capa e largo da carcaça, o valor ideal da percentagem de recheado depende da aplicação final da peça em questão. A percentagem mais empregada, que muitos programas de laminação empregam como dado regular, é o 20%. Com esta percentagem podem-se conseguir peças com resistência média/alta, com baixo peso e com um tempo de impressão muito eficiente, o que se transforma em peças com uma bom razão de resistência/custo.

Para protótipos não funcionais, maquetas e demais objetos de simples exposição o recheado recomendado é o 10%. Com uma percentagem assim de baixo se reduzem os longos tempos de impressão de figuras ou objetos complexos que não precisa resistência a nenhum tipo de esforços. Pelo contrário, todo o utente tem claro que para conseguir a máxima resistência à tensão deve realizar as suas peças ao 100% de recheado, mas isto implica maiores custos, tanto de tempo como de material e que as peças sejam mais pesadas. Fora dos valores já mencionados, recomendamos estudar a cada caso detidamente em função da resistência/tempo de impressão tendo em conta que de 25% a 50% de recheado se aumenta um 25% a resistência e de 50% a 70% de recheado se aumenta a resistência tão só um 10%.

Diferentes percentagens de recheado

Imagem 1: Diferentes percentagens de recheado

A nossa recomendação é utilizar um 10% de recheado para figuras e objetos que não suportem cargas, um 20% para peças de uso habitual com cargas médias/baixas, um 60% em caso de precisar realizar peças finais com uma resistência média e válidas para ser perfuradas ou aparafusadas, e finalmente um 100% para conseguir a máxima resistência do material. Queremos recalcar que a orientação de fabricação das peças afeta à resistência final, ou seja, a orientação importa tanto como a percentagem de recheado.

Tipo de recheado

Em função do software de laminação utilizado existem diferentes tipos de recheos, mas os mais quatro utilizados (Retangular, Triangular ou Diagonal, Wiggle e Honeycomb) aparecem em todos (Simplify3D, Cura3D, Slic3r, etc).

Recheado retangular

Recheado retangular

De modo predeterminado estes softwares utilizam o recheado retangular, algo lógico por ter uma estrutura resistente em todas as direções e relativamente rápida ao realizar as capas perpendiculares unas sobre as outras.

Recheado triangular

Recheado triangular

O recheado triangular aplica-se, ao igual que nas estruturas da vida quotidiana, para conseguir a máxima resistência na direção das paredes, isto é devido à descomposição à metade da força aplicada por estar a 45º as linhas que formam a cada capa.

Recheado Wiggle

Recheado Wiggle

Pelo contrário, se a nossa necessidade é conseguir uma peça o mais flexível, o mais compressível e suave possível o melhor recheado é o Wiggle. Este recheado em ziguezague aumenta a força de rebote e contribui o suporte suficiente para garantir o recobrimento total da parte superior da peça.

Recheado Honeycomb

Recheado Honeycomb (Tri-hexagonal)

Por último apoiando-se na sábia natureza, o recheado honeycomb (painel de abelha) em forma hexagonal é muito utilizado como núcleo para dar robustez a peças fabricadas em fibra de carbono e com outros tipos de fibras. Na impressão 3D FDM/FFF oferece às peças uma grande resistência em todas as direções, maior ao recheado retangular, mas com maior tempo de impressão.

Baixo o nosso ponto de vista o recheado retangular é o suficientemente resistente para o 90% das aplicações da impressão 3D, sendo o 10% restante casos onde se deve utilizar um recheado muito específico.

As nossas recomendações para escolher o recheado

A correta configuração do recheado é um passo muito importante para obter a resistência desejada nas peças realizadas por impressão 3D FDM/FFF. A nossa recomendação é utilizar o recheado retangular com um 10% de densidade para peças, modelos ou protótipos não funcionais, 20% de recheado para peças com um uso habitual submetidas a cargas baixas/médias e um 60% para elementos que tenham que suportar altas cargas. O tipo de recheado e os valores de percentagem devem-se ajustar também à cada tipo de impressora 3D, e, a se o material a empregar é rígido (PLA, ABS, PETG, Nylon, etc) ou flexível (Filaflex TPE ou TPU) para obter o melhor resultado possível.

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