Publicado 30/07/2025

A evolução da cor na impressão 3D FFF

Materiais

A evolução da cor na impressão 3D FFF

A impressão 3D por filamento fundido passou por uma evolução significativa nos últimos anos, não apenas em termos de precisão ou materiais, mas também na forma como a cor é incorporada às peças impressas. Desde os primeiros dias com um único extrusor até os sistemas multimateriais atuais, a tecnologia tem se adaptado às necessidades de usuários que buscam tanto funcionalidade quanto estética.

Contraste entre o mesmo objeto monocromático e multicolorido

Imagem 1: Peça monocromática ao lado de um modelo policromático. Fonte: Flickr/Fdecomite

Inicialmente, a impressão FFF permitia apenas uma cor por peça, limitada ao que um único extrusor podia oferecer. Portanto, para obter policromia em uma peça, era necessário dividi-la e imprimir cada seção separadamente com uma cor diferente, exigindo trocar os filamentos ou usar várias impressoras em paralelo. Esta técnica é conhecida como "swap by layer" e, com o uso de software específico, acabamentos altamente profissionais podem ser alcançados.

Impressão de objeto monocromático

Imagem 2: Peças monocromáticas impressas. Fonte: DLA.mil

Com a adição de um segundo extrusor, tornou-se possível combinar duas cores ou materiais. O primeiro sistema foi a extrusão dupla dependente (dois extrusores em uma única cabeça), permitindo imprimir suportes solúveis ou bicolores com relativa simplicidade, sendo mais econômico e mecanicamente mais simples que outros sistemas de múltiplas cabeças. Entretanto, há risco de contaminação de cores ou colisões entre bicos, a menos que equipado com sistemas como a cabeça elevável da Raise3D, que elimina esse risco, tornando o sistema eficiente e seguro. Por outro lado, o volume útil do eixo X pode ser reduzido, e a manutenção é dobrada por ter dois hotends em vez de um.

Também existe o sistema IDEX — Extrusores Duplos Independentes. Neste sistema, cada extrusor possui seu próprio eixo X ou carro. Quando um imprime, o outro "estaciona" em um canto, minimizando interferências e evitando contaminação e colisões. Isso habilita modos espelho ou duplicação para aumentar a produtividade, além de reduzir a massa móvel por carro, aumentando a precisão e a velocidade. No entanto, tem custo superior, calibração mais complexa para alinhamento de cabeças e requer firmware/mecânica mais avançada. A manutenção de ambos os cabeçotes ainda é necessária e o volume útil do eixo X é reduzido.

Além disso, permite imprimir uma peça em duas cores simultaneamente, fazer duplicação ou espelhamento, cada uma com uma cor, ou usar materiais diferentes, por exemplo, para suporte e modelo.

Peças impressas em modo espelho bicolor
Imagem 3: Peças impressas em modo espelho e duas cores. Fonte: Raise3D

Paralelamente, foram introduzidas soluções com filosofia diferente para alcançar a policromia, como a XYZ da Vinci Color, que integrava um sistema de jato de tinta sobre filamento branco, oferecendo impressão totalmente colorida, embora com limitações técnicas.

Vídeo 1: Apresentação da XYZ da Vinci Color. Fonte: Youtube

Esta fase foi seguida por impressoras com troca automática de ferramentas, capazes de usar diferentes cabeçotes para imprimir múltiplas cores ou materiais com mais precisão. Nesta configuração, um único cabeçote móvel pode trocar ferramentas automaticamente (por exemplo, extrusores de diferentes materiais ou bicos) durante a impressão. Diferente dos sistemas multimateriais de extrusor único, cada ferramenta é independente e se acopla ao carro conforme necessário. Trata-se de um sistema complexo e, portanto, caro. Essa complexidade também pode gerar problemas, especialmente em etapas delicadas como acoplamento e desacoplamento de extrusores.

Cabeçote multi-ferramenta

Imagem 4: Cabeçote multi-ferramenta. Fonte: CNC Kitchen

Atualmente, sistemas multimateriais como Prusa MMU ou Bambu Lab AMS permitem alternar vários filamentos a partir de um único extrusor, possibilitando impressões multicolor muito mais versáteis e detalhadas. Estes sistemas armazenam os filamentos com seus próprios engrenagens e motor, conduzindo o filamento a um buffer ou hub. Isso garante tensão adequada para troca suave, solicitada automaticamente pela impressora conforme cores e materiais selecionados. Várias unidades podem ser combinadas, alcançando até 24 cores simultâneas (Bambu Lab H2D, 4 AMS 2 Pro e 8 AMS HT).

Uma BambuLab X1 conectada a 2 AMS

Imagem 5: 2 AMS conectados à Bambu Lab X1. Fonte: BambuLab

Cor nos filamentos

A cor do filamento é essencial na impressão 3D quando se busca estética refinada, acabamento específico ou codificação visual por cores. As marcas desenvolveram extensas gamas cromáticas e acabamentos de superfície para atender a necessidades funcionais e decorativas.

Bobinas em múltiplas cores e acabamentos

Imagem 6: Bobinas multicolor. Fonte: WikiCommons

Entre os acabamentos mais comuns estão:

  • Silk (seda): aparência brilhante e sedosa, ideal para peças decorativas.

Peças impressas com filamento acabamento seda

  • Matte: reduz reflexo e disfarça linhas de camada.

Peças impressas com filamento acabamento matte

  • Satinado: equilíbrio entre matte e brilho.

Peças impressas com filamento acabamento satinado

  • Brilhante: cores vivas com alto reflexo superficial.

Peças impressas com filamento acabamento brilhante

Peças impressas com filamento acabamento multicolor

Peças impressas com filamento luminiscente

  • Translúcido: permite que a luz passe através, com diferentes graus de transparência.

Peças impressas com filamento acabamento translúcido

Um dos principais desafios é a consistência da cor entre lotes, especialmente em processos profissionais onde se exige reprodutibilidade. Fabricantes como Fillamentum e Polymaker garantem homogeneidade de pigmentação através de controles de qualidade rigorosos e formulações estáveis. Isso assegura que, utilizando o mesmo material e cor, o acabamento e a cor da peça permaneçam constantes mesmo ao trocar de bobina.

A importância de uma gama completa e estável entre lotes

Paleta de cores Pantone

Imagem 7: Paleta de cores. Fonte: CreativeCommons

Ter uma gama completa e consistente de cores não só amplia as possibilidades criativas, mas é fundamental para a produtividade em ambientes profissionais. A consistência entre lotes evita desvios de cor que podem arruinar uma série de peças ou exigir ajustes desnecessários. Para gestão de cores, existem vários padrões, sendo os mais conhecidos:

Pantone, onde cada cor possui um código único (ex.: Pantone 205 C), garantindo consistência entre impressora, fabricante e designer. Existem versões para embalagens, plásticos e diferentes acabamentos (coated, uncoated, matte, etc.).

RAL, originado na Alemanha para padronizar tintas, revestimentos e plásticos industriais, composto por várias coleções:

  • RAL Classic, amplamente usado em arquitetura e indústria
  • RAL Design, baseado no espaço CIELAB para design mais preciso
  • RAL Effect, tons metálicos e padrão, formulados com tintas à base de água
  • RAL Plastics, adaptações específicas do Classic/Design para plásticos
  • NCS (Natural Color System), baseado na percepção visual humana, usado em arquitetura e design de interiores

Munsell classifica cor por matiz, valor e croma, comum em pintura e educação artística.

Os filamentos Panchroma da Polymaker foram desenvolvidos para oferecer consistência cromática avançada e, embora não sejam integrados diretamente em sistemas padrão como Pantone ou RAL, permitem aproximação através dos valores HEX de suas cores:

Cada cor da gama Panchroma (mais de 150 combinações e 17 acabamentos) é validada em fábrica com códigos HEX precisos, permitindo correspondência com padrões gráficos Pantone ou industriais RAL via conversões digitais. Com o HEX exato (por exemplo, “#1C1C1C” para Charcoal Black), profissionais podem usar recursos online ou software dedicado como HueForge para encontrar a cor Pantone ou RAL mais próxima. Também existem acessórios como o BIQU AJAX TD1S, uma ferramenta inovadora projetada para medir com precisão a distância de transmissão (TD) dos filamentos e capturar a cor real em formato hexadecimal.

Nesse contexto, Panchroma se apresenta como uma solução completa. Esta linha, desenvolvida pela Polymaker, oferece:

  • Uma ampla paleta de cores sólidas e especiais para garantir sempre opções de escolha.
  • Diversidade de acabamentos (matte, silk, satinado, etc.) adaptados a cada aplicação. Combine-os para obter resultados espetaculares.
  • Alta uniformidade de cor entre bobinas e lotes, graças a formulação precisa, evitando inconsistências entre uma bobina e outra.
  • Compatibilidade total com sistemas multimateriais e multicolor, garantindo transição perfeita em sistemas como AMS ou MMU. Materiais e medidas se ajustam perfeitamente ao uso nesses dispositivos.

Panchroma fornece grande variedade de cores e acabamentos

Imagem 8: A extensa variedade de opções disponíveis em Panchroma. Fonte: Polymaker

Uma das principais vantagens do Panchroma é que todas as cores são projetadas para funcionar em conjunto, tanto visual quanto tecnicamente (temperaturas, retração, aderência, etc.). Isso permite criar impressões multicolor de alta qualidade sem comprometer a confiabilidade do processo.

Além disso, existem numerosos exemplos de peças impressas com Panchroma no site e redes sociais da Polymaker, mostrando a versatilidade do sistema em projetos artísticos, funcionais, educativos ou de design de produto.

É importante notar que os antigos filamentos PolyTerra e PolyLite foram integrados à marca Panchroma, mantendo suas propriedades mas adaptados a um novo sistema de nomenclatura e compatibilidade que simplifica a escolha do usuário.

Combinando esses filamentos com um software profissional como HueForge, é possível alcançar resultados multicolor de altíssima qualidade:

Policromia próxima à fotografia usando o software HueForge

Imagem 9: Exemplo de uso de filamentos de várias cores em conjunto com HueForge. Fonte: HueForge.

Conclusões

A impressão 3D FFF superou a limitação de cores restritas. Graças aos avanços em hardware e à evolução de filamentos como os da linha Panchroma, agora é possível obter resultados multicolor com precisão, estética e confiabilidade. A combinação de uma paleta coerente, acabamentos variados e consistência entre lotes posiciona o Panchroma como referência no ecossistema multicolor atual.

Em um cenário onde a qualidade visual é tão relevante quanto a funcional, contar com um sistema cromático robusto e previsível torna-se uma vantagem competitiva para designers, fabricantes e profissionais da impressão 3D.

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